A teimosia ferrarina
Enviado: 07 mai 2012, 15:19
A teimosia ferrarina
Primeiro eles se recusaram a utilizar qualquer modo de impulsão, que não fosse por queima de combustível, preferencialmente fóssil; como se gasolina fosse colhida em árvores. Então veio a União Européia e, em um dos poucos momentos em que agiu como uma União, baixou ainda mais os limites de emissões para carros novos; um claro recado à Ferrari, não só uma actualização já programada.
Não sei de que buraco a Ferrari pretende tirar gasolina, em um futuro próximo. O certo é que terá, compulsoriamente, que se adaptar aos combustíveis vegetais, refinados por álcool. Não bastasse isso, terá que baixar a crina e se render ao auxílio eléctrico.
Maranello já anunciou que está preparando um modelo híbrido, mas esqueçam a idéia de tirar um fio do carro e enfiar na tomada. É extremamente remota a possibilidade de uma ferrari plug-in. A recarga será pela regeneração cinética conhecida por kers, em que um gerador reversível capta a energia desperdiçada pela frenagem, continuando a girar rapidamente mesmo quando o carro já está parado ou em baixa velocidade. Mas isto só foi adoptado porque faz parte da fórmula 1.
O tradicionalismo doente, que quase transformou a marca do cavalinho empinado em uma subsidiária da Ford, é o empecilho à eletrificação da Ferrari. Serei claro, eu conheço motores, já trabalhei em uma retífica, ajudei a refazer motores pesados, cheguei a ver um Scania V12 de um gerador, do tamanho de um Fusca, esperando para ser retificado. Eu gosto de ver mecanismos complicados e complexos funcionando, ajuste após ajuste, emitindo seus ruídos característicos até o funcionamento perfeito. Só que eu não sou mais criança, não posso e não colocar e não coloco minha diversão acima das necessidades coletivas.
O futuro, para um mundo saudável, é a mobilidade eléctrica, mesmo que como levitação, isenta de partes móveis, como a em que a Volkswagen começou a trabalhar recentemente. O futuro salutar próximo, é a hibridação, ainda que conciliando regeneração eléctrica com hidrostática, esta bem apropriada para frenagens longas e em baixa velocidade, típicas de veículos pesados em estradas.
Não escondo minha preferência pelos Porsches, por diversos motivos, ainda mais depois de Stutgard ter nos brindado com híbridos excelentes, que não custas muito mais do que suas versões convencionais. Mas reconheço minha admiração pelas jóias raras que Enzo Ferrari nos legou. Infelizmente, jóias raras não são para qualquer ocasião, nem estão acima da lei e das necessidades nacionais. O pretinho básico alemão compreendeu isso desde sua criação, quando ainda usava o motor do Fusca com cabeçotes especiais. Aqui, a maturidade que faltou até agora aos italianos, sobrou aos alemães.
Talvez tenha sido, aliás, justo a austeridade de conduta da Porsche que fez os italianos pularem de seu sofá cheio de lembranças da infância, para fazerem mais uma jóia rara. E fizeram bem feito! O novo modelo terá um belo V12 (à gasolina! GA-SO-LI-NA!) com um haras inteiro, cuja população ainda não foi definida. Auxiliando, um monstro de 100cv (e quem me acompanha sabe o que são 100cv em um motor eléctrico) a ser alimentado pelas melhores baterias de íon de lítio (talvez até as que estão para ser lançadas) que o dinheiro farto de seus clientes pode comprar.
As potências instaladas das baterias e a da regeneração, também não foram divulgadas. Um V6 não está descartado, mas cheira mal aos narizes delicados dos ferraristas. A promessa é de 35% menos de consumo, de onde deduzo que a potência instalada é grande. Com cem cavalos a mais, disponíveis desde zero rpm, eu desaconselho o modelo para quem jamais dirigiu uma Ferrari, porque vai perder o controle antes que se dê conta de que arrancou. Especula-se que haverá, pelo menos, 900cv no conjunto.
O modelo está agendado para 2013, e o sistema híbrido será opcional para todos os carros da marca. Já o sedan quatro portas foi execrado, e aqui eu dou razão aos carcamanos. No final das contas, quem disse que vida de adulto tem que ser chata e frustrante? Isso é conversa de adolescente senil, que se recusa a crescer! Bora fazer um american big block hybrid?
Preço? Quem se importa? É Ferrari!
http://abateria.blogspot.pt/2012/05/tei ... arina.html
Primeiro eles se recusaram a utilizar qualquer modo de impulsão, que não fosse por queima de combustível, preferencialmente fóssil; como se gasolina fosse colhida em árvores. Então veio a União Européia e, em um dos poucos momentos em que agiu como uma União, baixou ainda mais os limites de emissões para carros novos; um claro recado à Ferrari, não só uma actualização já programada.
Não sei de que buraco a Ferrari pretende tirar gasolina, em um futuro próximo. O certo é que terá, compulsoriamente, que se adaptar aos combustíveis vegetais, refinados por álcool. Não bastasse isso, terá que baixar a crina e se render ao auxílio eléctrico.
Maranello já anunciou que está preparando um modelo híbrido, mas esqueçam a idéia de tirar um fio do carro e enfiar na tomada. É extremamente remota a possibilidade de uma ferrari plug-in. A recarga será pela regeneração cinética conhecida por kers, em que um gerador reversível capta a energia desperdiçada pela frenagem, continuando a girar rapidamente mesmo quando o carro já está parado ou em baixa velocidade. Mas isto só foi adoptado porque faz parte da fórmula 1.
O tradicionalismo doente, que quase transformou a marca do cavalinho empinado em uma subsidiária da Ford, é o empecilho à eletrificação da Ferrari. Serei claro, eu conheço motores, já trabalhei em uma retífica, ajudei a refazer motores pesados, cheguei a ver um Scania V12 de um gerador, do tamanho de um Fusca, esperando para ser retificado. Eu gosto de ver mecanismos complicados e complexos funcionando, ajuste após ajuste, emitindo seus ruídos característicos até o funcionamento perfeito. Só que eu não sou mais criança, não posso e não colocar e não coloco minha diversão acima das necessidades coletivas.
O futuro, para um mundo saudável, é a mobilidade eléctrica, mesmo que como levitação, isenta de partes móveis, como a em que a Volkswagen começou a trabalhar recentemente. O futuro salutar próximo, é a hibridação, ainda que conciliando regeneração eléctrica com hidrostática, esta bem apropriada para frenagens longas e em baixa velocidade, típicas de veículos pesados em estradas.
Não escondo minha preferência pelos Porsches, por diversos motivos, ainda mais depois de Stutgard ter nos brindado com híbridos excelentes, que não custas muito mais do que suas versões convencionais. Mas reconheço minha admiração pelas jóias raras que Enzo Ferrari nos legou. Infelizmente, jóias raras não são para qualquer ocasião, nem estão acima da lei e das necessidades nacionais. O pretinho básico alemão compreendeu isso desde sua criação, quando ainda usava o motor do Fusca com cabeçotes especiais. Aqui, a maturidade que faltou até agora aos italianos, sobrou aos alemães.
Talvez tenha sido, aliás, justo a austeridade de conduta da Porsche que fez os italianos pularem de seu sofá cheio de lembranças da infância, para fazerem mais uma jóia rara. E fizeram bem feito! O novo modelo terá um belo V12 (à gasolina! GA-SO-LI-NA!) com um haras inteiro, cuja população ainda não foi definida. Auxiliando, um monstro de 100cv (e quem me acompanha sabe o que são 100cv em um motor eléctrico) a ser alimentado pelas melhores baterias de íon de lítio (talvez até as que estão para ser lançadas) que o dinheiro farto de seus clientes pode comprar.
As potências instaladas das baterias e a da regeneração, também não foram divulgadas. Um V6 não está descartado, mas cheira mal aos narizes delicados dos ferraristas. A promessa é de 35% menos de consumo, de onde deduzo que a potência instalada é grande. Com cem cavalos a mais, disponíveis desde zero rpm, eu desaconselho o modelo para quem jamais dirigiu uma Ferrari, porque vai perder o controle antes que se dê conta de que arrancou. Especula-se que haverá, pelo menos, 900cv no conjunto.
O modelo está agendado para 2013, e o sistema híbrido será opcional para todos os carros da marca. Já o sedan quatro portas foi execrado, e aqui eu dou razão aos carcamanos. No final das contas, quem disse que vida de adulto tem que ser chata e frustrante? Isso é conversa de adolescente senil, que se recusa a crescer! Bora fazer um american big block hybrid?
Preço? Quem se importa? É Ferrari!
http://abateria.blogspot.pt/2012/05/tei ... arina.html