pemifer Escreveu:Ninguém tem a obrigação de responder mas gostava da saber a vossa opinião sobre o assunto.
pemifer Escreveu:Acham bem a Uber, ou outro qualquer do género, sobrepor-se às autoridades locais, seja em Portugal, seja noutro sitio qualquer, e aumentar o nº de táxis a seu belo prazer sem qualquer controlo?
Eu dou a minha opinião.
Eu acho que as autoridades locais no setor do transporte fazem algo que não deveriam fazer, que é forçarem e alterarem as regras do "mercado livre" a seu "belo prazer" (interpretar "belo prazer" da forma como acharem melhor).
Não deveria ser as CM (ou o governo) a estipular quantos táxis "podem operar" ou quantos "fazem sentido existir"...da mesma maneira que não faz sentido as CM (ou o governo) dizer que devem existir "X" número de restaurantes, mercearias, lojas de pronto-a-vestir, papelarias ou qualquer outro tipo de negócio.
As actividades que ainda existem e que dependem de "alvarás", "licenças", etc. são uma herança de uma lógica e de um passado diferente e fazem parte de um modelo de mercado que já foi mais que provado que não funciona e que na verdade acaba por prejudicar todos os seus actores - mesmo aqueles que pensam que a existência destes mecanismos os está a proteger.
O mercado livre existe e quando devidamente regulamentado, funciona muito bem. Isso pode ser facilmente visto em todos os mercados onde não existem estes mecanismos de restrição concorrencial.
Ao longo dos últimos tempos várias actividades que anteriormente tinham "alvarás" e "licenças camarárias" foram sendo liberalizadas. Por exemplo, as agências de viagem deixaram apenas há uns anos atrás de necessitar de alvará e muitos dos requisitos que eram exigidos anteriormente foram alterados (capital social de 100.000 euros, seg. RC de 1M€, etc.). Hoje, não é necessário alvará, o Cap. social pode ser de 2500€ e o Seg. RC passou para 75.000€.
Mas o facto importante aqui foi que esta mudança partiu dos próprios actores do mercado. Foram as associações e as agências que LUTARAM para alterar estas regras porque chegaram à conclusão que na verdade não as estava a ajudar em nada.
Assim, hoje e felizmente, qualquer empresa pode criar uma agência de viagem e operar no mercado sem grandes problemas ou restrições.
O mercado precisa de funcionar de forma livre (mas regulamentado) para ser eficiente. Com o tempo certo, a "oferta" necessária irá sempre equilibrar a "procura". Quem for mais "forte" (mais inovador, tiver melhor qualidade de serviço, conseguir uma melhor relação com o cliente) irá permanecer, ganhar mercado e ser bem sucedido. Quem não o for, irá simplesmente fechar, pois não está a trazer valor ao mercado.
A Uber, uma das coisas que veio trazer, foi exatamente isto. A constatação (e a discussão) que é necessário mudar alguma coisa pois o que existe não está bem.
No meu entender, é uma questão de tempo até o sector do Taxi ser liberalizado e se acabar com estas barreiras à entrada do mercado e permitir qualquer novo actor no mercado, incluindo a Uber, Cabify, e muitas outras que estão prontas para aparecer.