mjr Escreveu: ↑07 jan 2021, 19:17
Gostava assim que me explicasses como é que se pode considerar que é o CEME que "engorda" o preço.
Eu acho verdadeiramente simples...
(eu não disse que o CEME engorda o preço, o CEME como já se disse várias vezes "engorda" no sentido que tem retorno percentualmente significativo com "zero" investimento). O que engorda o preço é complicar o que é simples - aka o modelo da rede pública. Há umas semanas até já tinha feito contas que alimentar 3 tomadas de 7kW a partir de uma "baixada" residencial de 20,7kVA e pagando tudo ao preço de casa, ficava só ao preço da componente CEME na rede pública!
O Continente compra energia a 10cts/kWh (preço médio final com IVA) e vende a 20cts/kWh (preço final com IVA). Não tem de pagar a mais ninguém, tem uma margem de 10cts/kWh (com IVA também). Feito. Da sua margem paga impostos sobre o lucro e amortiza o custo da instalação.
Vale a pena ressalvar que aqui estão os custos todos, potência, potência de ponta, etc, que o modelo não contempla, mas que o Continente tem de pagar
Para postos mais caros (ex: PCR), vende a energia a 30cts/kWh, o preço para o utilizador não é nada, nada mau (ex: Easycharger) e o operador tem margem (com IVA) de 20cts/kWh.
Olhando para a factura da "minha" empresa, 1000€ é energia, 1500€ é taxas (até isto tem uma certa piada - mas já não tem nada a ver com a ME). Por isso, fazendo uma extrapolação tosca, podemos dizer que o custo da energia será 40% dos 12,5cts/kWh --> 5cts/kWh.
Assumindo que o CEME compra a energia ao preço da "minha" empresa, vende-ma a 9,65€/kWh (pelo menos é o que parece da factura da Miio) IVA excluído --> margem de ~~100%, com zero investimento. Aqui está o "engorda".
Para o utilizador, vem + TAR (mais alta que a da minha empresa!) + IVA, o que coloca em termos médios (vazio/fora de vazio) o valor do kWh em ~~0,19€/kWh (IVA incluído). Já está ao preço do Continente e ainda não se pagou nada ao dono do posto.
Para fazer contas ao dono do posto é preciso supor um cenário, vamos imaginar 22kW com 0,2cts/min (barato para 22kW) durante 1h, dá 1,2€ + IVA em que se carregaram 22kWh: 5,45cts/kWh (+IVA) para o dono do posto. O CEME nas contas acima teria tido 1,023€ de margem (85% do valor do OPC).
Ou seja, se ambos os postos fossem alimentados da "minha" empresa (valores com IVA):
- modelo da rede pública: (0,19€/kWh + 0,067€/kWh) * 22kWh = 5,65€ (0,257€/kWh), com 1,5€ para o dono do posto.
- "modelo" do continente: 0,2€/kWh * 22kWh = 4,4€, margem da minha empresa: 0,075*22 = 1,65€. Se fizesse o mesmo preço da rede publica (5,65€) a margem da minha empresa era 2,9€ ((0,257-0,125) * 22).
Alimentados exactamente da mesma instalação, o mesmo equipamento se quisermos, tudo igual. O utilizador paga mais 28% e o dono do posto recebe uma fracção do que podia receber (a menos que tenha postos mais caros na rede pública e aí o utilizador é ainda mais penalizado).
Obviamente que estou a fazer contas ao kWh para o "modelo do continente" e isso não é totalmente verdade (em termos médios é o que dá o preço deles - ou até bem menos para quem pode brincar com as potências de carregamento - em PCN) e a fazer uma série de assumpções e extrapolações que podem não ser totalmente assim. Mas o raciocínio é este.