
Elétrico Nissan Leaf chamou atenção nas ruas de São Paulo
"Meu celular enviava, via Bluetooth, uma música para as caixas de som do Nissan Leaf. A faixa dizia: “Estou vivendo no futuro, então o presente é o meu passado”. É de um rap de Kanye West – confesso que jamais havia entendido muito bem o que ele dizia. Dirigindo o Leaf, finalmente captei a mensagem. Rodei por São Paulo com o carro por uma semana. Na lataria, um enorme adesivo avisava: “100% Electric”. Isso era garantia de ser tratado como uma pequena celebridade. A cada semáforo, eu era: a) investigado silenciosamente; b) inquirido sobre detalhes de potência, forma de dirigir, preço, autonomia; c) congratulado, com sorrisos e palmas, como se eu fosse responsável por um milagre e d) todas as anteriores somadas.
Um motorista de ônibus de meiaidade foi xingado pelos passageiros porque não parava de perguntar. “Ele faz barulho?” Nenhum. “Anda quanto com a carga?” Uns 110 km, se você pisar leve. “Precisa carregar quanto tempo?” Geralmente, era após essa pergunta que os outros motoristas começavam a buzinar e xingar: é a parte mais difícil de explicar.
O Leaf só funciona com energia elétrica. Para encher as 192 células de suas baterias de íons de lítio, ele precisa ficar sete horas ligado a uma estação de recarga que custa 2 mil reais — assim, ele pega 80% de carga em meia hora. Como eu não tinha uma dessas a disposição, tentei recarregálo com o cabo de emergência que vem de fábrica, numa tomada comum. No meu estacionamento, não funcionou, porque a instalação não era devidamente aterrada. Só consegui colocar alguma carga na bateria no estacionamento da Editora Abril. Em quatro horas, foram 5%, se tanto.
O Leaf não está à venda no Brasil e não há prazos. Nos EUA, ele custa 27 mil dólares e vendeu 10 mil unidades até julho. Ainda está longe de se tornar um hit, mas a acolhida calorosa dos paulistanos mostra que vontade de abandonar a fumaça não vai faltar."
Em: http://revistaalfa.abril.com.br/estilo- ... do-futuro/