BrunoAlves Escreveu: ↑02 abr 2019, 13:21
Vá confessa, tu queres reproduzir a resposta aqui
Abaixo a troca de emails com o Director Geral da Mobilectric para vossa apreciação.
Não querendo ser spoiler, se eu tivesse alguém a meu cargo que comunicasse assim com os clientes, seria despedido na hora, mas talvez sejam os meus padrões que estão demasiado elevados.
O meu email enviado a 30/03
Boa tarde,
Como proprietário de um veículo eléctrico venho por este meio apresentar a minha indignação com os valores que a Mobilectric apresenta na qualidade de OPC para os PNC.
Acredito que todo o esforço de criação de uma rede de carregamentos para VE tem o seu custo, e que até ao momento este foi sendo suportado pelos OPC, contudo não se deve matar o negócio logo à nascença
Simplificando verifica-se o seguinte cenário:
PCR (50kW) "Avenida Marechal Craveiro Lopes" - Lisboa: 0,024€/min
PCN (22kW) "CC Alegro" - Alfragide: 0,15€ Tx Activação + 0,05€/min
isto é, passa a ser mais caro carregar o VE num PCN do que num PCR
Para terem ainda uma ideia mais concreta da realidade e para o PCN em causa e utilizando valores reais de utilização (quando este PCN ainda funcionava), para um carregamento de cerca de 30kWh (a carregar a uma taxa média de 19,44kWh por hora), e somando os custos do CEME (0,1601€/kWh) e o respectivo IVA, a factura final fica em cerca de 11,96€.
Para o PCR (como o meu VE apenas carrega a 22kW AC) o valor ficaria em 8,77€.
A diferença (36% mais caro no PCN) será ainda maior quando o exercício for efectuado com base num Nissan Leaf (o VE mais vendido em Portugal) que no PCR carrega em DC, logo menos tempo, contudo em AC no PCN apenas consegue utilizar uma fase limitando a 7,4kW.
Se olharem para os valores da concorrência, verifica-se por exemplo, que a KLC apenas cobra 0,01€ / min e sem taxa de activação.
Obrigado por todo o vosso esforço em prol da mobilidade electrica, mas agradeço que revejam o vosso modelo de negócio para não o matarem.
Atenciosamente,
Bruno Fonseca
Resposta Mobilectric a 01/04
Bom dia,
Respondemos devido à consideração à tudo o que nos dirigem, todavia sem qualquer afectação do que será (e é) a nossa política comercial.
Como bem diz, o custo da mobilidade é o somatório do custo da energia e o custo de utilização do posto.
Conforme vejo pela sua dedução, toma como um dado o custo da energia – e prefere vir reclamar do custo de utilização do posto.
Quanto ao nosso tarifário, reflecte a procura e estrutura de custos da oferta em questão (por exemplo: custo do imobiliário, custo da instalação, custo da CCTV, custo da segurança, custo da tecnologia, custo da manutenção, custo dos seguros,…); e qualquer comparação com outras ofertas é imprecisa e ineficaz – independentemente do preço que você possa consultar.
Por último, deixar-nos à sua disposição para qualquer tema que ajude a que a mobilidade elétrica.
Com os melhores cumprimentos,
João M Gomes
Managing Diretor
A minha resposta a 01/04
Bom dia e muito obrigado pela rápida resposta, contudo na mesma desvia o foco da questão.
Permita-me ainda comentar a sua frase "Conforme vejo pela sua dedução, toma como um dado o custo da energia – e prefere vir reclamar do custo de utilização do posto."
Junto do OPC "reclamo" os preços do OPC, junto dos CEME reclamo os preços praticados pelos CEME.
A minha análise não é uma dedução, mas sim um calculo matemático. Caso os meus calculos estejam errados, por favor corrija-os.
Com efeito, e desde a comunicação dos valores para os PCN já muito se falou dos preços praticados pela Mobiletric, e sendo este mercado altamente concorrencial não estou em crer que possam ter muitas chances de ter uma elevada quota de mercado.
Note-se que a "voz do cliente" deve ser um dos principais barómetros para a vossa actividade, mas se vocês preferem ignorar os factos e "assobiar para lado", é da vossa inteira responsabilidade.
Atenciosamente,
Bruno Fonseca
Resposta Mobilectric a 01/04
Caro Bruno,
É e será sempre uma dedução, dado não saber os custos que incorremos para instalar e manter o posto – a menos que seja da “concorrência” e nesse caso, cada um sabe dos acordos que tem.
Quanto a ouvir ou deixar de ouvir, dado que tem o diretor geral da empresa a responder-lhe, está tudo dito sobre o quanto valorizamos; mas também temos as nossas certezas… e o tempo dirá se o seu vaticino estará correto, de que não vamos ter sucesso.
Já agora, lembrar que a média da pool de energia esteve a 0,050€/kWh e pelo que vejo é cliente da elétrica nacional (dado pagar 0,1601 €/kWh)… aconselho-o a ver quanto a sua fatura comercial aumentou fora do Vazio entre 2018 e 2019… Tenho a certeza que foi em prol da Mobilidade e do seu conforto.
À sua disposição.
Com os melhores cumprimentos
João M Gomes
Managing Diretor
A minha resposta a 02/04
Caro João Gomes, parece-me que estamos a falar de coisas diferentes, ou no limite, da mesma coisa mas sobre perspectivas diferentes, eu do ponto de vista do consumidor, o João Gomes do ponto de vista do negócio.
Eu não faço deduções nenhumas sobre os vossos custo, essa parte cabe sem dúvida a vocês, mas como utilizador/consumidor, cabe-me efectuar contas e analisar o mercado, e saber onde posso obter o mesmo produto de forma menos onerosa.
Pergunto-lhe directamente se fizeram as contas do ponto de vista do consumidor? Se sabe quanto fica o carregamento de um Zoe ou de um Leaf nos postos que referi? Se comparou esses valores do custo/100 Km para um VE vs o análogo para um carro a combustão? Se efectuou um estudo de mercado?
Aproveito para referir que não pertenço a nenhuma empresa concorrente nem tenho interesses instalados na mobilidade eléctrica. Sou apenas um comum utilizador (privado e não profissional), que concorda com a liberalização dos preços tanto dos PCN como dos PCR, embora esteja em desacordo com o modelo aplicado. A meu ver a figura do CEME é desnecessária e deveria ser o OPC a obter a energia junto de um CEME e comercializar a utilização do seu equipamento, mas isto é apenas a minha opinião pessoal.
Por último permita-me que lhe dê a minha opinião pessoal sobre a forma como responde aos seus potenciais clientes: O facto de ser o Director Geral da empresa a responder não significa que a resposta seja a mais correcta ou que valorize a relação com o cliente. Na realidade daquilo que li senti um escrita muito pouco empática e pejada de sarcasmo e irónica, o que não fica muito bem para um Director Geral.
Talvez necessite de delegar as competências de apoio ao cliente, ou simplesmente necessite de limar as suas soft skills.
Espero ter conseguido demonstrar qual o meu ponto de vista (e de outros tantos utilizadores de VE) e acredito que irá verificar que uma mudança de estratégia é possível. O posto sem ser utilizado também não lhe trará benefícios, logo deverá encontrar a melhor relação do preço a cobrar, que não lhe dê prejuízo e que permita os utilizadores poderem contar com a Mobilectric, e que continue a ser um importante player no mercado da mobilidade eléctrica.
Atenciosamente,
Bruno Fonseca
A resposta final da Mobilectric a 02/04
Caro Bruno,
Não vale a pena continuar a responder-lhe, dado você acreditar que pode enviar um email a uma empresa a reclamar porque livremente estabelecemos um preço e não ter capacidade para receber a resposta (creio que fui educado, agora seja capaz de aceitar a ironia e o sarcasmo… fazem bem à vida).
Quanto ao resto, vejo que passa o dia a fazer comparação – aproveite-as

Nós dedicamo-nos a construir o futuro.
Obrigadinho,
João M Gomes
PS: o seu email a dizer que vamos ter pouca quota de mercado já está impresso e afixado no nosso open space… obrigado pela motivação.