Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Toda a discussão relativa a Pontos de Carregamento também conhecidos por EVSE (Electric Vehicle Supply Equipment) vem para aqui.
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frankesousa
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por frankesousa » 17 dez 2021, 11:54

Supostamente, se quem faturar o serviço for um CEME, que está habilitado à venda de eletricidade (da mesma forma que quando andas num Uber quem fatura é a empresa daquele carro especifico) então devia dar mesmo cumprindo a "lei".

Nesse caso teríamos era de pagar os balúrdios da TAR da mobilidade elétrica, coisa que o continente passa ao lado (e a Tesla também).
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 17 dez 2021, 12:12

Eu continuo a achar que isso é uma interpretação muito "larga" da lei. Não creio que seja possível ter outra rede em paralelo à pública.
Até porque lá está, era só subir demasiado os preços para a pública. E a legislação diz que o OPC não pode discriminar os OPC, não fala em lado nenhum em operarem *sem* CEME.
Eu acho que é rede pública ou nada. Mas, vamos vendo
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por frankesousa » 17 dez 2021, 13:14

BrunoAlves Escreveu:
17 dez 2021, 12:12
Eu continuo a achar que isso é uma interpretação muito "larga" da lei. Não creio que seja possível ter outra rede em paralelo à pública.
Até porque lá está, era só subir demasiado os preços para a pública. E a legislação diz que o OPC não pode discriminar os OPC, não fala em lado nenhum em operarem *sem* CEME.
Eu acho que é rede pública ou nada. Mas, vamos vendo
Efetivamente eu também achava isso, mas é capaz de ser uma interpretação muito rígida, lá está não sei o "espirito" de quem na escreveu.
E se assim for, qualquer dia a MobiE diz que quer 10€ por sessão e nós temos de "mamar" com isso? E alternativas "proibidas" por lei!

Começo a achar mesmo que estávamos a fazer a interpretação errada da lei.

A parte de operar sem CEME ou discriminar CEME, efetivamente não precisa de ser feita.
Simplesmente fora da rede MobiE "não existe" OPC e CEME, há apenas o vendedor de eletricidade para a mobilidade elétrica para fazer cumprir a lei da vende de energia.

Mas... se fosse assim tão fácil a Tesla e o Continente (principalmente este que em 5 min deve conseguir ter os carregadores ligados à MobiE) já tinham os assuntos arrumados e siga. Mas deve haver mais do que isso, como seja pagarem a TAR da ME que não o estão a fazer certamente!
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por alexmol » 20 dez 2021, 09:38

Não fiquei esclarecido com as respostas noutro tópico e talvez aqui seja mais on-topic, alguém me pode iluminar?
alexmol Escreveu:
19 dez 2021, 10:09
Não há componente de potência de pico tomada em hora de ponta? Ou os CEME pagam essa parte e diluem no preço de venda?
E no caso da MT os CEME pagam vazio-ponta-cheia mas cobram bi horário? ou não há tri horário na ME?

É que por todo o mundo, com o crescimento das redes de carregamento assiste-se à preocupação crescente com os custos da potência de pico, levando a ponderar a viabilidade económica do uso de baterias como suavizador de picos.
Inclusivé nalguns mercados residenciais regulados já foi anunciado que irá surgir uma componente de potência de pico.

Qual o mecanismo na ME em Portugal que fomenta reduzir a potência de pico tomada? Não acredito que a lei tenha sido feita a pensar que isto dos carros eléctricos não vai ter impacto na rede.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 20 dez 2021, 14:52

Existe a tarifa bi-horária e tri-horária ao nível da TAR da ME, sendo que apenas a tri-horária tem a parte de pico.

Como o valor é estupidamente mais elevado na tri-horária em ponta sem uma vantagem significativa nas outras horas, ninguém escolhe esse regime tarifário. Penso que nenhum CEME sequer dá essa possibilidade.

A única maneira de obrigar a ter a ponta seria eliminar a bi-horária na ME, o que irá complicar bastante para quem está na estrada e precisa de carregar.

Para mim nos próximos tempos vamos assistir a um aplanar do diagrama de cargas, com os carregamentos de VE à noite a diminuírem o fosso atualmente existente, por isso não sei se será realmente um problema.

Para terminar, e penso ser essa realmente a tua questão, no nosso modelo não existe qualquer incentivo ao OPC para colocar esse tipo de sistemas pois a parte da energia não é com ele. Também não sei se nos outros sistemas seja algo que se justifique, dado o grande investimento em armazenamento de energia que é necessário. Acho que só com geração renovável é que se pode justificar a colocação de baterias, que também poderiam servir para aplanar o diagrama de carga do PCVE.
Nissan Leaf 40 Tekna preto, entregue em 30 de maio de 2018. 51400km em 2024-02-15
Nissan LEAF mk1 Preto, entregue em 7 de julho de 2011. 180000 km em 2023-12-22.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 20 dez 2021, 16:30

alexmol Escreveu:
20 dez 2021, 09:38
E no caso da MT os CEME pagam vazio-ponta-cheia mas cobram bi horário? ou não há tri horário na ME?
A TAR da ME existe em bi e tri-horário, consoante a opção tarifária do CEME/cliente. Os valores até estão na página da MobiE
https://www.mobie.pt/redemobie/estrutura-tarifaria --> separador da direita
Como o mjr disse, a diferença da ponta para cheias é de tal ordem que parece não justificar os 2cts/kWh que o FV custa a mais que cheias. As pontas custam o dobro :?
alexmol Escreveu:
20 dez 2021, 09:38
Não há componente de potência de pico tomada em hora de ponta?
Não. Tanto quanto julgo saber (não encontro onde essa informação possa estar de forma fidedigna) aquilo que são os custos de potência (termo diário em BT ou os patamares de potência + potências de ponta + reactiva em MT) não são pagos no modelo, logo "ninguém" paga esses termos. Todos esses custos são aglomerados na "TAR da ME", sendo que esta taxa tem actualmente uma parte subsididada (ou seja está artificialmente reduzida)
Mas ainda estou à espera de conseguir confirmar isto nalguma peça de legislação ou regulamento.
mjr Escreveu:
20 dez 2021, 14:52
Também não sei se nos outros sistemas seja algo que se justifique, dado o grande investimento em armazenamento de energia que é necessário. Acho que só com geração renovável é que se pode justificar a colocação de baterias, que também poderiam servir para aplanar o diagrama de carga do PCVE.
Sem dúvida. A questão para mim é que o OPC tem zero incentivo para fazer esse investimento, no modelo. Como já se falou por aqui deste exemplo, que em Portugal e no modelo (a menos que fortemente subsidiado) não tem nenhuma razão para acontecer
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 20 dez 2021, 19:53

BrunoAlves Escreveu:
20 dez 2021, 16:30

Não. Tanto quanto julgo saber (não encontro onde essa informação possa estar de forma fidedigna) aquilo que são os custos de potência (termo diário em BT ou os patamares de potência + potências de ponta + reactiva em MT) não são pagos no modelo, logo "ninguém" paga esses termos. Todos esses custos são aglomerados na "TAR da ME", sendo que esta taxa tem actualmente uma parte subsididada (ou seja está artificialmente reduzida)
Mas ainda estou à espera de conseguir confirmar isto nalguma peça de legislação ou regulamento.
Isto advém do RTSE, artigo 44:

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Como o consumo da instalação nos tais períodos de 15m é líquida dos consumos das sessões, a potência faturada ao OPC é apenas a do seu consumo. Na prática a coisa pode ser mais complicada, pois basta um erro da EGME/ORD/OPC num período de 15m para que a potência suba brutalmente durante 12 meses.

De notar que a parcela de custo da potência maior em BTE e MT é o consumo em ponta, que basicamente consiste em dividir o consumo total em ponta pelo número de horas de ponta do mês. Como o consumo é líquido dos consumos dos carregamentos este valor será muito baixo.

Em BTN não sei como fica a questão da potência pois existe um limitador de potência físico cujo valor é pago de acordo com um valor "contratado".

https://www.erse.pt/media/pnnjjmyj/arti ... Dndice.pdf
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 21 dez 2021, 10:44

mjr Escreveu:
20 dez 2021, 19:53
Isto advém do RTSE, artigo 44
Obrigado. Essa parte eu conhecia, mas isso é o que é válido para qualquer ponto de fornecimento de electricidade.
O que eu não encontro é onde é que diz, relativamente à ME, que o consumo nesses 15min é descontado das sessões de carregamento, ou como é que a TAR da ME absorve esses custos (qual é a métrica - se há alguma).
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 22 dez 2021, 08:09

Se não fosse descontado haveria duplo pagamento da mesma energia pelo OPC, detentor da instalação, e pelo UVE, através do CEME. Ou seja a cada período de 15m do consumo da instalação é deduzida a energia das sessões de carregamento, informação essa que é enviada pela EGME ao ORD e ao CEME. Essa parte está no RME.

A questão relevante é que em BTE e MT não existe um limitador de potência contratada pago pelo OPC.A potência depende do valor de energia máximo registado nesses períodos de 15m, líquida das sessões de carregamento.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 22 dez 2021, 11:53

mjr Escreveu:
22 dez 2021, 08:09
Se não fosse descontado haveria duplo pagamento da mesma energia pelo OPC, detentor da instalação, e pelo UVE, através do CEME
Certo, mas eu não estou a falar da energia dos carregamentos. Essa é de caras que não seja paga pelo dono do posto. Estou a falar dos custos de potência. O OPC paga ou não custos de potência como outro consumidor de BT/BTN ou MT - e quais? Estou a ler o RME (odeio legalês) e até já percebi como é que a TAR é definida (a tal métrica que eu falava)
https://files.dre.pt/2s/2019/11/2110000 ... 900137.pdf
Artigo 45.º Tarifas de Acesso às Redes de Energia Elétrica para a Mobilidade Elétrica
A TAR dos carregamentos em BT é a TAR dos fornecimentos em BTN
A TAR dos carregamentos em MT é a TAR dos fornecimentos em BTN menos a "Tarifa de Uso da Rede de Distribuição em BT"
A seguir, a próxima leitura, é o regulamento tarifário do sector eléctrico :mrgreen:

No artigo 55 fala então dos consumos. E sim, a energia afecta à instalação e não relacionada com a mobilidade eléctrica é a diferença entre as contagens totais e os consumos dos carregamentos. Esta é a que o dono do posto paga.
O consumo de energia elétrica ativa da instalação de consumo não afeta à rede da mobilidade elétrica é obtido por diferença entre a medição no ponto de entrega da RESP à rede da mobilidade elétrica e o somatório das medições nos pontos de carregamento integrados na rede de mobilidade elétrica.
Faz sentido, claro. O que não fica claro é como são tratados os custos de potência. Em MT como tudo depende da energia consumida e a que horas, acho que faz sentido considerar que pagam sobre os consumos e potências remanescentes como disseste. Mas em BT/BTE há custos de disponibilização de potencia "fixos". Sobre isto não encontrei nada no legalês.
Mas por exemplo em relação à reactiva dá ideia que o OPC paga na mesma (não sei se se considera reactiva apenas indutiva - que ocorre de certeza no caso dos Zoe - ou também por distorção harmónica) ainda que, claro, para este cálculo seja usado o total da energia activa da instalação. Em qualquer caso, a pagar-se, deve ser um valor muito baixo.
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