Noticia no Jornal de Negócios

Aqui pode colocar a sua experiência de condução com o Nissan LEAF
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pauloguerreiro
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Noticia no Jornal de Negócios

Mensagem por pauloguerreiro » 23 dez 2011, 20:04

Reportagem
Fomos de Lisboa ao Porto, num carro eléctrico, e só demorámos 12 horas
23 Dezembro 2011 | 17:04
Paulo Moutinho - paulomoutinho@negocios.pt
Francisco Cardoso Pinto - franciscopinto@negocios.pt
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A autonomia dos carros eléctricos ainda é limitada, mas a rede de postos de carregamento promete uma solução. Uma viagem até ao Porto, por exemplo, parece impossível. Mas será? O Negócios partiu à aventura. Horas de caminho? Doze. Peripécias? Muitas.


Nota: Esta reportagem foi publicada na edição impressa do Jornal de Negócios no dia 12 de Agosto de 2011


Já viste bem aquela subida? Quantos quilómetros temos? 87. Quantos faltam para o próximo posto de carregamento? 89. Segue-se o silêncio.

Foi de silêncios de apreensão como o descrito, preenchidos com contas de cabeça, paragens de emergência, velocidades a roçar o limite mínimo e sinais de luzes de camionistas em protesto, que a viagem de carro eléctrico entre Lisboa e o Porto foi feita. As intenções eram as melhores mas os obstáculos não foram poucos. Se tivermos em conta que fomos os primeiros a fazer o percurso num veículo sem uma gota de gasolina no seu interior, o saldo tem de ser positivo. Para sermos precisos, o saldo foi de seis quilómetros. Mas já lá vamos.

Os carros movidos a electricidade foram feitos a pensar nas grandes cidades. Não emitem gases poluentes e são substancialmente mais económicos que os carros convencionais. Mas o Negócios quis por à prova mais do que isso. Quisemos utilizar um "Leaf", cedido pela Nissan, numa "grande" viagem entre a capital e a Invicta, recorrendo à rede de abastecimento implementada pela rede Mobi.E. Um percurso simples, por auto-estrada, que é feito habitualmente por muitos portugueses, mas que pode transformar-se numa dor-de-cabeça quando realizado num destes automóveis.

A autonomia é, por enquanto, o principal "calcanhar de Aquiles" dos carros eléctricos. É curta. No caso do veículo que nos foi cedido pela Nissan, assim como no da maioria dos carros disponíveis no mercado, são 160 quilómetros que, em auto-estrada, levam um "corte" de 20 ou 30 quilómetros. Por outras palavras, dispúnhamos, na melhor das hipóteses, de sensivelmente metade daquilo que precisávamos para chegar ao nosso destino, o que nos obrigou a preparar cuidadosamente a viagem.

O primeiro passo foi consultar o "site" da Mobi.E e encontrar os postos de carregamento rápido, que demoram cerca de 30 minutos. Só assim conseguiríamos fazer o percurso num dia, já que, de outra forma, são precisas, pelo menos, oito horas de carregamento.

Quantos postos há? Cinco no País todo. Um em Porto Salvo , na A5, mais dois em Aveiras e outros dois em Pombal. Estes últimos não aparecem, sequer, na página da gestora da rede de carregamento dos carros eléctricos. Ligámos para o apoio ao cliente e só assim ficámos a saber que, em princípio, o "Leaf" conseguiria superar o desafio. Mas havia, ainda, uma questão importante. De Pombal ao Porto, a distância é de cerca de 160 quilómetros. Sensivelmente os mesmos de que o carro dispõe numa condução citadina. Segundo nos avisaram, o carregamento rápido só garante cerca de 80% da carga total. Adivinhava-se, por isto, mais uma paragem algures. Mas, pronto, o alpinista João Garcia também não escalou o Evereste todo de uma vez.

Antes do almoço estamos lá
Não havia grande excitação à partida de Lisboa. Pelo sim, pelo não, marcámos encontro às 5h30. Às 4h30 estávamos a pé e o jornalista é um "animal" que convive mal com o "cedo erguer". Pior: era uma segunda-feira. Mas teve de ser. Sabíamos que nos esperavam mais do que as habituais três horas que se demora, em média, a percorrer a A1 até ao Porto. Contas feitas por alto, lá pela hora de almoço deveríamos estar a chegar. Depois, seria procurar um bom restaurante, com umas típicas francesinhas.

Às 5h45, dois jornalistas e uma fotógrafa encontram-se para começarem a registar todos os momentos de uma viagem pioneira e fazem-se ao caminho. Pé no acelerador e aí vamos nós, mas devagar que já "voaram" 10 quilómetros. Temos 140 quilómetros de autonomia e o primeiro destino - a estação de serviço de Aveiras de Cima - está a cerca de 50 quilómetros de distância. É um troço rápido. Mas quando se quer fazer uma viagem destas, é preciso pensar que, tal como num carro com motor a combustão mas numa escala exponencialmente mais alta, à velocidade elevada equivale um consumo igualmente elevado. Por isso, cautela no pé direito.

Definimos um limite. Não vamos passar os 80 quilómetros por hora. É uma velocidade que pode até parecer elevada, mas, numa auto-estrada como a A1, e com a noite ainda a pairar sobre nós, percebe-se que o desafio nos vai sair do corpo. O volante passa a servir de apoio para o queixo e os camiões deixam de ser aqueles vultos que, de vez em quando, passam à nossa direita para passarem a ser uns blocos maciços que nos ultrapassam pela esquerda enquanto os seus ocupantes espreitam cá para dentro, como quem passa por um acidente. As rectas são os "oásis" da viagem. Vemos o fundo mas demora tanto a lá chegar que, às tantas, deixamos de acreditar. Dá vontade de carregar um pouco mais no acelerador, mas resistimos à tentação. O "cruise control" ajuda. Fixamos a velocidade e o carro lá vai gerindo a aceleração a seu belo prazer até que, menos de uma hora depois, vemos a placa que sinaliza os dois quilómetros que faltam percorrer para alcançarmos a estação de serviço da Galp Energia.

Como é que se tira o carregador do carro?
Chegar a Aveiras de Cima foi fácil. O carro cumpriu o que prometeu. Chegámos com cerca de 90 quilómetros de autonomia mas está na hora de o "alimentar". Vemos a placa que indica o carregamento dos carros eléctricos, vemos o posto, mas não há lugar de estacionamento. Está tudo ocupado. Ninguém respeita o espaço delimitado para estes veículos. Mas também devem ser raros os utilizadores daquele equipamento que tem um aspecto estranho.

Pedimos a um jovem que está dentro de um dos carros se podia fazer o jeitinho. Fá-lo, rapidamente, e podemos aproximar o "Leaf" do carregador para aquele que é o primeiro de - achávamos nós - três abastecimentos. Primeiro passo: abrir o "mini-capot" na frente, através de uma patilha que está ao lado do "capot" verdadeiro. Depois, vamos dar uso ao cartão da Mobi.E. "Passe o cartão", diz a máquina fabricada pela Efacec. Passamos e pede-nos o código, como se de um "multibanco" se tratasse, e seleccionamos a primeira opção: "Carregar".

"Ligue o cabo ao carro". Nós obedecemos. Empurra-se com alguma força, até se ouvir um "click" e já está. A informação que temos é a de que está "charging". Agora é só esperar cerca de meia hora e estamos despachados. O número de pessoas dentro da estação já rivaliza com o de pessoas à porta. Olham, desconfiadas, para o nosso carro. Não há motivos. A única coisa estranha no carro eléctrico é o facto de estar ligado à corrente, qual telemóvel com rodas. Há alguns curiosos mais atrevidos que se aproximam e fazem perguntas: "Isto anda a electricidade?". É isso mesmo.

Esperamos mais um pouco. Já não falta muito para voltarmos a "comer asfalto" até ao Porto. A máquina informa-nos que a bateria está com 99% de carga. Passados uns minutos, 98%. Será possível? Estranho. Estamos ali há pouco mais de 40 minutos e não chega aos 100%. Desistimos porque já temos carga suficiente. Retira-se o cabo e siga caminho. Dito, parece simples, mas fazer, nem por isso. Tentamos uma vez, nada. Duas, três, quatro, cinco vezes e nada. Está preso. E agora?

Chega um taxista. Ainda não saiu do carro e já vem com um sorriso nos lábios ao ver a nossa figura. "Bom dia. Por acaso não nos pode dar uma ajudinha? Acho que isto é falta de jeito e você, de certeza, que percebe de carros", atiramos. O taxista "morde" o isco. Com jeito, não vai lá. Só à força. Puxa, puxa, puxa, mas nada. Será que tem algum sistema de segurança que não deixa a tomada desencaixar? Solução: botão de emergência. E a tomada lá sai. As emergências também podem ser quando um homem quiser.

A subir e os camiões passam "orgulhosos"
Próxima etapa: Pombal. São pouco mais de 120 quilómetros e o "Leaf" está "atestado", o que, no caso, equivale a dizer que temos electricidade para 135 quilómetros.

Os veículos pesados abundam neste que é o principal eixo do País e, tal como todos os outros, também estes nos ultrapassam. Vamos na faixa da direita, como manda a lei, e é vê-los, orgulhosos, a pôr o pisca para nos passarem. Lá vai um, dois e três. Rapidamente chegamos à dezena e, com igual rapidez, perdemos a conta.

No plano de viagem escapa-nos um pormenor: as subidas. Ao passar Torres Novas, uma sombra começa a invadir o "tablier" e é já sem tentativas de esconder a preocupação que encaramos a "gigantesca" montanha que nos separa do nosso objectivo. A autonomia está nos 95 quilómetros e faltam 85 para Pombal. Mas rapidamente começamos a descer. Mais rapidamente do que os quilómetros que percorremos na realidade. Em apenas 10 minutos, passamos de 95 para pouco mais de 60 quilómetros de autonomia. Engolimos em seco e rezamos por uma descida para dar alguma carga ao "Leaf", que tem um sistema de recuperação de energia nas descidas e travagens que - podemos assegurar - funciona mesmo. Lá chega a descida e a carga volta a ganhar alguma "compostura".

Chegados a Pombal, com 14 quilómetros de "folga", deparamo-nos com mais um posto de carregamento a dificultar-nos a vida, em vez de a facilitar. Fazemos tudo certinho e dá "erro". Primeiro pensamento: acabou-se. Chamamos a funcionária do posto para nos dar uma ajuda. "Não está a funcionar", alertamos. "Pois, não sei. Não consigo ajudar. Nunca vi ninguém a utilizar isto", responde. Felizmente, a funcionária compensa em simpatia e raciocínio rápido aquilo que lhe falta em conhecimentos técnicos: "Podem ir ao posto do outro lado", diz. "Mas não conseguimos chegar lá", respondemos. "Vão por baixo da auto-estrada. Eu abro-vos o portão e peço para abrirem também daquele lado", promete. "Obrigado. Muito obrigado mesmo", agradecemos, sem nunca dizer que somos jornalistas. Somos três aventureiros a caminho do Porto salvos pela bondade de uma funcionária dedicada.

Mais uma vez, não havia lugar à frente do ponto de carga. Mas estava uma carrinha a sair e lá conseguimos pôr o "Leaf" a carregar sem que o posto "refilasse". E, tal como aconteceu em Aveiras de Cima, os olhos de todos os que, àquela hora, paravam na estação da Galp Energia centraram-se naquele objecto estranho ligado à corrente.

Vamos almoçar. E que ninguém veja
Desta vez, o carregamento da bateria do "Leaf" atingiu os 100%, equivalentes a 139 quilómetros de autonomia. Está na hora de voltarmos ao caminho, depois de 50 minutos a tomar um cafezinho para arrebitar. Estamos a meio caminho do Porto, mas já são dez horas. Já vamos com mais de quatro horas de estrada e, no mínimo, ainda falta outro tanto.

Esta é a jornada mais longa do percurso. Não queremos mais subidas "íngremes" que nos estraguem a média e arrasem com a autonomia do bem comportado "Leaf". O "cruise control" passa a ditar 75 quilómetros por hora em vez de 80. Por vezes, até menos, para tentar poupar mais uns quilómetros. Os camiões, esses, continuam a ultrapassar-nos que nem flechas. Só um não levou a melhor. Era "velhote", ia carregado até cima e a ultrapassagem demorou uns cinco minutos. A meio caminho dos 18 metros de camião, buzinámos em forma de cumprimento. O cumprimento foi retribuído e festejámos a primeira, e única, ultrapassagem do dia.

Foi o momento de maior euforia até àquele momento no interior do "Leaf" onde, além de manter o volante a direito, nos divertíamos a mudar de estação de rádio. Só o rádio, que tem o GPS incorporado, estava ligado. Tudo o resto, não. Não houve ar condicionado para ninguém. A Brisa dos ventiladores iria custar-nos vários e preciosos quilómetros de autonomia.

Quilómetros mais à frente, uma voz surpreende-nos. É a menina do GPS com uma calma inabalável: "Poderá não ser possível chegar ao destino definido". Ela faz as contas: de Pombal ao Porto são cerca de 160 quilómetros. O ecrã marca 139 à saída de Pombal. Não andamos mais de 10 quilómetros e já se antecipa a desgraça.

A solução é só uma: parar e procurar o posto de carregamento lento mais próximo. A nossa pesquisa prévia tinha-nos dito que Coimbra dispunha de dois postos. Saímos da auto-estrada e procuramos no GPS os postos mais próximos. Não aparece nenhum. Improvisamos. Seguimos para o Fórum Coimbra, logo à entrada da cidade, entramos no parque de estacionamento subterrâneo e vasculhamos por uma tomada. E não é que a encontramos? O carro fica estacionado, discreto, no parque. Nós vamos aos saldos e, já agora, almoçar. Francesinhas, nem vê-las, por enquanto.

Não pedimos autorização a ninguém, mas mal também não fez. No limite, a factura da electricidade do centro comercial aumentou em um euro porque este é, em média, o valor a pagar pelo carregamento de um carro eléctrico.

O objectivo é o de garantir mais uns quilómetros de autonomia para que o "Leaf" consiga chegar ao Porto. Enquanto esperamos, aproveitamos para devorar o primeiro pedaço de "fast food" que nos aparece à frente e reforçar a dose de cafeína. O relógio bate quase as 11 horas e só andámos 30 quilómetros desde a última paragem. O tempo de viagem e a hora a que o despertador tocou começam a pesar. O desânimo espreita.

De cinco em cinco minutos, olhamos para o relógio na ânsia de já ter passado uma hora, uma hora e meia, tempo suficiente para aumentar a autonomia em 10 ou 20 quilómetros. Lembramo-nos do sistema da Nissan - o "Carwings" - que permite saber quase tudo o que se passa dentro do carro. Fazemos o "download" da aplicação na Apple Store e acompanhamos a carga da bateria.

"Saíram de Lisboa às cinco da manhã?" lol
Já é tarde. Vamos arrancar. A autonomia do "Leaf" marca 126 quilómetros. O relógio marca as 13 horas. Chegados à auto-estrada, a autonomia começa a fraquejar. Rapidamente cai para o nível que tínhamos antes da paragem em Coimbra e não tínhamos percorrido mais de 10 quilómetros. "Poderá não ser possível chegar ao destino definido", ouve-se outra vez no habitáculo. Das duas uma: ou a tomada do centro comercial não estava a 100% ou carregar o carro eléctrico em tomadas normais dá tanta energia ao carro como enfiarmos lá os dedos.

O desânimo começa a dar lugar ao desespero. Já não há posição para estar e o desejo de chegar ao Porto é grande. Mas o "Leaf" não vai chegar lá sem mais uma paragem. Ou seja, sem, pelo menos, mais duas horas de espera para carregar. Faltam menos de 100 quilómetros para chegar, "diz" o GPS. A autonomia está nos "oitentas". Temos de sair novamente da auto-estrada. Próxima paragem: Ovar.

Pagamos a portagem. Vemos o posto de apoio da Brisa e não hesitamos. Temos de pedir ajuda já aqui. "Boa tarde. Acha que posso usar uma daquelas tomadas para pôr o carro a carregar?", perguntamos aos funcionários. "Eu não sei. Tem que perguntar ao chefe". Felizmente, a boa vontade ainda abunda neste país.

Enquanto esperamos pela extensão, os funcionários aproximam-se para ver de perto o carro eléctrico. "Mas isto só anda a electricidade? Não leva mais nada?", perguntam. "É só a electricidade", respondemos. "E querem ir para onde?", continuam os funcionários. "Vamos para o Porto. Viemos de Lisboa. Saímos de lá às 5h45", frisamos. "Saíram de Lisboa às 5h da manhã?", pergunta um antes de começar a rir à nossa custa.

A extensão aparece, ligamos o carro à tomada e nada mais nos resta a não ser esperar. Cansados, deitamos os bancos e tentamos recuperar algum do sono perdido. Vamos abrindo o olho para ver se a bateria está a carregar. Duas das três luzinhas azuis no "tablier" que indicam a carga do carro, para nossa desgraça, ainda estão desligadas uma hora depois.

Duas horas passadas, pelas 16h30, e - não o escondemos - já em completo desespero, fazemos o teste. O "Leaf" diz 43 quilómetros. Quantos diz o GPS? 41. O que fazemos? Já não há nem disponibilidade física, nem mental, para esperar mais. Vamos embora. Assumimos o risco. Se parar, parou. Vai de reboque, mas aqui é que não ficamos mais. Seja o que o "Leaf" quiser.

Isto é a ponte da Arrábida?
Deixamos Ovar para trás. Enganamo-nos logo no primeiro cruzamento. Para a A1, era por ali. Mas não faz mal. A A29 também dá e a senhora do GPS ainda não se queixou. Temos é de ir mais devagar. Ou, para sermos mais rigorosos, ainda mais devagar. Vamos tão lentos que começamos a perceber o quão arriscado é andar numa auto-estrada a uma velocidade pouco superior à mínima permitida por lei. Quase somos abalroados um par de vezes.

A circular numa velocidade em redor de 70 quilómetros por hora, lá vamos avançando, com um olho na autonomia e outro no espelho retrovisor. O Porto aproxima-se e a margem de segurança mantém-se. Faltam 13 quilómetros para a "meta". O carro ainda aguenta mais 19. De repente, surge uma ponte. Qual é esta? É a da Arrábida? Estamos safos. Chegámos.

A sensação de chegar ao Porto é magnífica. Nunca ninguém tinha sequer tentado fazer esta "travessia do deserto". E o risco de ficarmos a meio caminho era elevado. Mas cumprimos. Quase 12 horas depois, mas estamos na Invicta. A questão, agora, prende-se com o regresso. O carro está sem bateria. No mostrador, a autonomia já nem aparece. Da última vez que "deu vida", marcava seis quilómetros. Só saltam à vista alertas como: "nível da bateria está muito baixo".

Para agravar uma situação já de si problemática, no Porto não há postos de carregamento rápido. Ouvimo-lo da "boca" da Mobi.E. Mas não é bem assim porque, afinal, há. O concessionário da Nissan do Porto parece que tem um e é para lá que nos dirigimos. A ideia é chegar, carregar em 30 minutos, e fazer o caminho de volta. Mas os planos rapidamente fracassam. Tal como já tinha acontecido em Porto Salvo e em Pombal, no sentido Sul/Norte, também este posto não funciona.

A oficina fica gradualmente vazia à medida que as pessoas se aglomeram à volta do equipamento. "É estranho não funcionar. Ainda no outro dia esteve aí um cliente nosso a carregar o Leaf e funcionou tudo bem", diz um dos funcionários. Precisamos mesmo de carregar o carro. Estamos sem bateria e queremos regressar a Lisboa. Pelos nossos cálculos, sem azares, chegaremos à capital lá para a meia-noite.

A questão é que o posto da Nissan não quis mesmo funcionar. Ainda tentámos outro, nas redondezas, mas a sorte foi a mesma. "Já esteve a trabalhar, mas deixou de funcionar. Está desligado", comenta a funcionária da estação de serviço. Voltamos à Nissan. E parece que a aventura está a chegar ao fim. Para carregar o carro, só se formos ao posto lento, que demora oito horas. Não dá. Estamos exaustos e temos mesmo que voltar. O "Leaf" vai ter de ficar.

De telefone na mão, começamos a procurar alternativas para regressar. Vamos alugar um carro? Vamos de autocarro? De comboio? De avião? Nesta altura, qualquer coisa dá. A Nissan disponibiliza-nos um carro para regressarmos, mas o cansaço é demasiado elevado. E não vale a pena arriscar. Vamos de comboio. O Intercidades parte da Campanhã às 19h52. Demora três horas. Dá para dormir e chegamos lá antes das 23h. Está feito.

Viajámos de Lisboa para o Porto num carro eléctrico e voltamos noutro meio movido a electricidade. Mas como é que vamos para a estação? "Esperem só um bocadinho que damo-vos boleia", diz-nos o funcionário. "Vou só buscar o carro", garante. Cinco minutos depois, lá aparece, silenciosamente, a nossa boleia. Um "Leaf" que esperamos tenha a bateria totalmente carregada. "É só para vos 'azucrinar' mais um bocadinho", remata o funcionário, entre risos de provocação. Há subidas até à Campanhã?





Três conselhos para conduzir um carro eléctrico

Planeie os percursos e antecipe as paragens. Quem tem um carro eléctrico deve planear bem o itinerário, antes de partir. A autonomia é, ainda, um dos defeitos destes automóveis. Por isso, é essencial haver um planeamento para evitar ficar sem bateria antes do destino. Veja onde pode recarregar o veículo. Consulte os postos da rede. O "site" da Mobi.E disponibiliza um mapa com todos os postos. Mas verifique se são de carregamento rápido ou normal.

Tento no acelerador e aproveite as descidas. Acelerações bruscas não são, de todo, uma forma eficiente de conduzir, muito menos num carro eléctrico. Para melhor gerir a capacidade da bateria, deve adoptar um estilo de condução moderado, antecipando as paragens para reduzir ao mínimo o esforço do carro no arranque. Nas travagens, bem como nas desacelerações, por exemplo, ou nas descidas, tire partido da tecnologia que está ao seu dispor. Os carros eléctricos têm a capacidade de recuperar energia nestas situações. Isto pode ser acompanhado através do indicador de utilização da bateria, que permite perceber se está a gastar ou a gerar energia. Desta forma, é possível aumentar, ainda que ligeiramente, a autonomia.

Evite utilizar o sistema de refrigeração. Num carro normal, o ar condicionado aumenta o consumo do combustível. Num veículo eléctrico, acontece exactamente o mesmo, com a agravante de que a energia de que os veículos dispõem é muito menor. Ligar o ar condicionado pode significar, automaticamente, uma redução de 20 quilómetros na capacidade da bateria.
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pauloguerreiro
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Re: Noticia no Jornal de Negócios

Mensagem por pauloguerreiro » 23 dez 2011, 20:05

Já alguem foi de Lisboa ao Porto no Leaf? (ou vice-versa)?
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Filipe
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Re: Noticia no Jornal de Negócios

Mensagem por Filipe » 23 dez 2011, 21:18

Fala com o Malm, que essa viagem para ele é trigo limpo farinha amparo; Eu na minha 1ª ida á terra da minha mulher no Alentejo, que é Tolosa
e fica a 230 Km de S.João do Estoril, demorei essas 12 horas porque depois de tentar carregar com o cabo do Leaf no Campo Grande em Lisboa
e no Aeroporto sem resultados, voltei á Nissan no Lagoas Park para verificar o cabo; depois fui ao Estoril confirmar que o cabo carregava, voltei a passar
por minha casa, onde a minha mulher me apanhou a telefonar de Tolosa onde tinha chegado ( já á uma hora atrás ) no Expresso apanhado em Sete Rios á 4 horas atrás onde a tinha deixado.
Parti então pela segunda vez de minha casa, tendo demorado 8 horas no total, contando com 1 hora até Aveiras 1 hora a carregar, 1 hora a percorrer
os 6 postos da mobi-e em Coimbra, que estavam todos desligados ( não estavam vandalizados, mas sim pura e simplesmente desligados ) e a encontrar
um Bom Samaritano Santareno, que me disponibilizou uma tomada na sua casa onde estive 3 horas a repôr os kw gastos desde Aveiras até Santarem,
e depois mais 2 horas até Tolosa.
Da segunda vez já só demorei 6 horas no total, porque carreguei no W. Shoping em Santarem, que tem uma tomada de 16 Amp da EDP no parque de
estacionamento, depois de ter saido de Aveiras.
Da última vez que vim de Tolosa já só fiz 4,5 horas, e consegui trazer a Patroa comigo pela 1ª vez, porque fiz uma média de 60 Km/h na N114 até
Santarem, onde não cheguei a parar porque ainda tinha 2 barras, tendo entrado na reserva do Leaf apenas a 2 km de Aveiras, com 2,5 h de viagem
mais 1 h para carregar em Aveiras, mais 1h para chegar a S.Pedro do Estoril; Por este andar qualquer dia dou uma ratada aos CI's. :mrgreen:
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Re: Noticia no Jornal de Negócios

Mensagem por mjr » 23 dez 2011, 23:11

Ahh o dramatismo jornalístico!

Neste momento ainda é muito complicado devido ao fosso entre Pombal e o Porto. Há no entanto um trajeto possível:

- Partir do Porto saindo pela Ponte da Arrábida.

cerca de 10min

- Abastecer no posto de carga rápida da Avenida da República em Gaia. 20 minutos até aos 100% (a fase final de carga é mais lenta...)

133km a 80 km/h -> 100 minutos

- Abastecer na área de serviço de pombal. 30 minutos.

121 km a 80 km/h -> 90 minutos

- Abastecer na área de serviço de Aveiras. 20 minutos.

47 km a 100 km/h -> 30 minutos.

Lisboa Parque das Nações.

Total: 10 + 20 +100 + 30 + 90 + 20 + 30 = 300 minutos ou 5 horas.

Caso houvessem mais postos penso que seriam possíveis as 4 horas, em segmentos de 80km a 120 km/h e 30 minutos de abastecimento em 3 locais. 1h30 minutos de cargas e 2,5 horas de viagem.
Nissan Leaf 40 Tekna preto, entregue em 30 de maio de 2018. 51400km em 2024-02-15
Nissan LEAF mk1 Preto, entregue em 7 de julho de 2011. 180000 km em 2023-12-22.
Tesla Model 3 LR preto entregue em 2019-03-06. 125000 km em 2023-12-22.
Sócio da associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, UVE: http://www.uve.pt

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