O segundo dia também não foi andar a mata-cavalos. Várias pessoas me dirão que teriam feito mil num dia. No segundo dia, a razão não foi o carro eléctrico. Andámos à velocidade que todos os outros andam (na A-1 espanhola, geralmente anda-se a uns 110km/h reais).
As paragens foram muito curtinhas. Estações próximas mas que era arriscado evitar... Valladolid-Burgos são só 138km, mas Burgos-Vitória são 123km, não dá para saltar. Burgos-San Sebastian talvez se faça, para mais desce-se a meseta, mas estamos a falar de 220km, não é a brincar. Ao longo da meseta não há variações significativas de altitude. Porém, estávamos com aguaceiros moderados, temperaturas entre os 11 e os 14 graus, aquecimento ligado (em Junho!!)... Em Valladolid, no hipermercado, eu era a única pessoa de t-shirt. As pessoas estavam vestidas de inverno ainda.
Em Burgos, encontrámos um Efacec que nos deixou carregar até aos 89%. Mesmo aqui, debaixo de chuva, houve as habituais perguntas de PCR, desta vez do rapaz da gasolineira, que nos disse que fomos os primeiros a carregar ali (mentira, outro Ioniq tinha carregado no dia anterior, está no electromaps).
Em Vitória regressámos aos DBT-CEV limitados a 80%. Será curioso saber se se consegue fazer a subida de volta para Burgos partindo com apenas 80%. Pode ser que o tempo aqueça... Acho que as pessoas que defendem a limitação da carga aos 30' ou aos 80% não estão a ver a coisa correctamente.
Quanto à limitação de potência... numa viagem destas pouca diferença faz. São mais 5', 10' no máximo. O carregamento é tão rápido que mal dá tempo de arranjar um café, mudar uma fralda, etc.
Não era necessário, mas voltámos a carregar em San Sebastian, porque queria entrar em França com a maior folga possível.
Em França, apesar de haver sítios onde carregar à borla (IKEA de Baiona), queria acima de tudo experimentar a rede Corri-Door para resolver o problema de ter acesso. Caso não funcionasse, tinha gasolina suficiente na bateria para voltar para trás.
A verdade é que não consegui. Aparentemente, cometi um erro na preparação. Eu deveria mesmo ter encomendado o cartão da Soditrel. Apesar de ser possível activar os postos apenas com a App, tem de se encomendar o cartão na mesma.
Mas sabem que mais? É completamente irrelevante. Os carregadores das companhias departamentais são tantos, tantos, tantos, e interoperaveis... Há carregadores de 7kW ou de 22kW em aldeiazinhas que vocês não imaginam. Tipo: tem duas ruas e tem carregador de 7 ou 11kW. Há PCRs.... lentos, lentos, mas nós estamos apenas a fazer turismo.
Para estes usa-se a App de qualquer das redes, sem nos registarmos. Basta dar o número do cartão de crédito em cada abastecimento (como não estamos registados, ele não memoriza). Custa 3,5€ os primeiros 15' e depois 0,16€ por minuto. Abasteci por 4€ e picos (a bateria não estava vazia). A carga começa nos 35kW e vai ficando mais lenta, mais lenta.... quando vocês pensam que não é possível ficar mais lenta, ainda fica mais lenta.
Como é pago ao tempo, a sangria vai aumentando, aumentando... é muito dissuasor... eu terminei a carga com 75% ou coisa assim e estava nos 16kW (a temperatura da bateria estava nos 30 e pouco). Demorei a terminar porque a minha mulher estava no parque infantil.
Foi o único sitio onde ao falar da autonomia do carro obtive gargalhadas em resposta. Estavam dois tipos numa obra em frente. Um veio perguntar-me em espanhol, e estava interessado. O outro ouvia de lado, mas eu percebi que ele não percebia espanhol e troquei para francês. Houve gargalhada, a sério... porque o carro é caro e só tem essa autonomia. Quantos km desde Portugal? Mil. ohohoh...
Enfim. Mais um que usa uma algália quando vai de férias.
PS: Ahh... temperaturas de 22 graus em França, solinho, que bom! 20 já depois do anoitecer.
PPS: Tenho registos do Torque. Como temos o contador de energia cumulativo no Ioniq, eu posso dar os kWh gastos entre quaisquer dois pontos do percurso. No final, tento fazer uma tabela. Para já, não vou espetar com excesso de dados aqui.
PPPS: Em Ondres, reparei que ainda tinha a porta de carregamento toda cheia de teias de aranha do carregador de Vitória.