Eu aqui estou como o jfr2006. Tenho um Prius+, já tive um Yaris também.
Infelizmente, só tenho tempo para duas ou três palavras.
O Prius+ é um 7 lugares. Vou dar alguns exemplos: em AE, Algarve-Lisboa, com CC nos 120km/h (vá, sim, são 115), fiz entre 5.0l/100km e 6.0l/100km com AC num dia muito quente e húmido. A média global do carro é 5.1l/100km e tem 120 mil km, mas esta média é dominada pela travessia da Vasco da Gama, porque em estrada é tipicamente fácil fazer abaixo disso. Na N125 do Algarve já fiz 3.2l/100km de Faro a VRSA com AC.
Para fazer acima de 7 com um híbrido Toyota é preciso ser muito, muito bruto, ou então talvez ser um mais quadrado como o C-HR, ou ambas as coisas em simultâneo.
As pessoas ficam um bocado decepcionadas na comparação com um diesel, principalmente mais antigos com poucos filtros, e estamos a comparar com carros que têm emissões de NOx mais baixas que qualquer carro a gasolina.
"Eu com a minha Astra fazia 5 com facilidade". Acontece que 5 litros de gasolina pesam o mesmo, e têm o mesmo conteúdo energético do que 4 litros de gasóleo. Então para que um carro a gasóleo tenha a mesma eficiência energética e eficiência de CO2 que um carro a gasolina, tem de estar a consumir 4 litros. Então para esses 5 litros na realidade o diesel está a consumir mais 25%.
E esses 25% a mais de consumo energético e emissão de CO2 é apenas para o caso mais favorável ao diesel. Se por acaso o carro alguma vez entrar numa localidade, o consumo do diesel sobe para os 6-9 l/100km e o do híbrido desce para os 3-4 l/100km.
A eficiência fiscal é outro assunto... Mas por isso vemos que em países onde a diferença de preço entre gasóleo e gasolina seja menor, todos os táxis são híbridos (mesmo antes de terem sido obrigados). Até na Alemanha, casa do diesel, onde o diesel ainda é uns 15c mais barato, abundam os táxis híbridos Toyota. Em Espanha são quase todos.
Quanto à subida da rotação do motor sempre que se acelera, é porque a velocidade de rotação do CI é totalmente independente da velocidade de rotação das rodas. O carro pode escolher a relação de caixa que quiser, numa gama muito mais vasta que num carro com relações fixas, e escolhe essa relação pela velocidade de rotação de um dos motores eléctricos (o MG1, o outro motor MG2 roda solidariamente com as rodas).
Então, o carro escolhe a relação de caixa que lhe permite manter o motor na zona óptima de eficiência. Isto pode ver-se no
mapa de Break-Specific Fuel Consumption para o Prius. Estes mapas, que representam um campo escalar, função da rotação do motor (abcissas) e do torque produzido (ordenadas), no caso do Prius têm uma linha preta que representa a rotação que o carro escolhe para cada nível de torque produzido. A intenção é que essa linha preta esteja o mais possível dentro das áreas de maior eficiência (sempre abaixo de 230g/kWh, gramas de gasolina por energia de tracção produzida, e por vezes abaixo de 220g/kWh).
No caso de um carro com uma caixa de velocidades, temos várias hipérboles, uma para cada relação de caixa. Só com muita sorte, a meia rotação e a meia carga em termos de torque, é que um carro convencional consegue estar na sua zona de maior eficiência energética. E mesmo assim, nem na sua zona de eficiência máxima consegue os g/kWh que consegue o Prius, com o seu motor Atkinson que não funcionaria num carro não electrificado.
Isto também quer dizer que não interessa tanto "como" se guia, se se carrega mais assim ou assado no acelerador. O carro responsabiliza-se por encontrar o regime mais eficiente do motor. Então é mais eficiente: se eu andar mais devagar o consumo desce, isso não acontece num diesel, aí eu baixo a velocidade e o consumo fica mais ou menos na mesma, mais ainda se nota se eu parar ou se fizer uma descida. Tal como num VE, o meu consumo vai descer se a minha velocidade descer, se a energia de tracção pedida for menor. Também é importante não estar sempre a mudar de regime. E isso significa, sim, que se eu carregar mais no acelerador, estou a pedir mais torque ao motor e vamos avançar naquela linha preta, o carro vai escolher subir a rotação para ficar dentro daquelas bolas de eficiência.
frankesousa Escreveu: ↑27 mai 2020, 13:11
Ou seja, o sistema hibrido do CHR não chega para igualar os consumos (em L/100km) que o mesmo carro com um motor diesel faria
Dizes bem, em l/100km. Mas 5 litros de gasolina = 4 litros de gasóleo, em peso, em conteúdo energético e em CO2. É apenas por uma questão prática e histórica que medimos o combustível em litros. Noutros contextos, e num contexto mais técnico, interessa-nos a massa de combustível. E isso apenas no contexto mais favorável ao diesel: pelo menos 100km/h.