aljesus Escreveu:Porque não encaram o aluguer das baterias como o pagamento do empréstimo contraído para pagar a diferença do valor que o carro custa já com as baterias incluídas, e o valor pedido pela Renault?
Se eu tivesse avançado com a compra do Leaf, tal como desejava, teria tido que contrair um empréstimo para cobrir a diferença de valor entre o Fluence e o Leaf, acrescido dos juros e de todas aquelas "pequenas" despesas que os bancos gostam de chular!
Assim fiquei com um valor fixo contratado que não anda ao sabor das taxas de juros, com alguns serviços e garantias incluídos.
E, se entretanto vender o carro, acabo por nem chegar a pagar a totalidade do "empréstimo".
Claro que se eu tivesse o dinheiro suficiente para comprar o Leaf, não teria hesitado, e andaria agora todo satisfeito a somar kms furiosamente, mas não tinha!
Não vou é, agora, passar o resto do tempo a lamentar o que estou a pagar todos os meses, ou a fazer contas ao que ando; até porque paguei muito menos de "entrada".
Além disso, o gozo que dá nunca mais ter que parar numa bomba, compensa todos os sacrifícios!
A questão é que estamos claramente a ser roubados.
Vejamos:

Roubo Nº 1: um VE Renault sem bateria custa o mesmo que a versão Diesel.
A carroçaria, plásticos, bancos, amortecedores, pneus, jantes e vidros são exatamente iguais à versão Diesel, portanto custam o mesmo. Até aqui tudo bem.
O Ar Condicionado e Aquecimento num VE requer mais um pequeno motor elétrico para mover o compressor, mas em contrapartida, um motor de combustão requer um motor de arranque que também é elétrico, outro na bomba de combustível, na válvula de admissão, etc. logo, o custo é muito muito próximo.
Complexidade da Eletrónica: Em termos de sistemas de conforto (vidros, iluminação, entretenimento, autenticação da chave/cartão) e de segurança ativa (AirBag, ABS, ESP), os custos são exatamente os mesmos. A complexidade de controlo de um motor de combustão com injeção eletrónica para cumprir os níveis de consumo de combustível e emissão de gases hoje exigidos é maior que para controlar um motor elétrico. Apenas os elementos de potência (por onde passam correntes mais elevadas) no controlador do motor elétrico (e carregador, que na Renault é o mesmo bloco) são mais caros, mas têm um custo menor que a panóplia de sensores e atuadores de um motor de combustão.
Passemos agora à transmissão: O VE têm apenas uma engrenagem de redução. O de combustão, tem dezenas de engrenagens com as 5 (ou 6) relações de caixa, a marcha atrás, toda a mecânica para seleção da velocidade e embraiagem. Logo, pagando o mesmo que pela versão Diesel estamos a ser roubados.
Quanto ao Motor:O motor elétrico tem 2 rolamentos e uma parte móvel, o rotor, com algumas bobinas fixas à volta e 3 sensores de campo magnético para determinar a posição do rotor. O motor de combustão tem dezenas de rolamentos, centenas de partes móveis, correias, válvulas, pistões, bombas, filtros, etc. O custo de fabrico do motor de combustão é incomparavelmente maior, quer em tempo de maquinação das peças, quer na montagem e teste de todas elas! Novamente, pagando o mesmo que pela versão Diesel estamos a ser roubados.
Logo de entrada, está-se a pagar o VE a um preço superior ao que custa fabricar.

Roubo Nº 2: O Aluguer de bateria a preço excessivo e sem possibilidade de compra.
Como escrito atrás, há fortes suspeitas de a bateria do ZOE custar algo como 5000€ ou menos, o que, para o aluguer de 89€ a paga completamente em menos de 5 anos, sendo a vida útil esperada das mesmas entre 8 a 10 anos. Então, metade do tempo em que está alugada é lucro, o que equivale a uma bateria vendida ao dobro do preço durante a vida do carro.
Nada contra, se o cliente fosse livre de escolher alugar ou comprar, pois se alguém quer chegar ao fim do tempo de vida de um produto e ter pago o dobro do seu custo em aluguer, é livre de o fazer. (Afinal, milhares o fazem ao arrendar casa e quando chegam à idade da reforma pagaram em rendas 2 ou 3 casas iguais ao senhorio, e não são proprietários de nenhuma.)
Agora a Renault emprega uma técnica da família da extorsão, obrigando o cliente a alugar, não dando opção de compra, nem sequer deixando a bateria reverter a propriedade para o cliente pelo valor residual no fim do contrato, como faz com os automóveis de combustão em Leasing.
Para isto ser escandaloso só faltava daqui a uns anos fazer como a GM fez com o EV1, e recolher todas as baterias para esmagar e reciclar deixando os clientes com um carro para pisa papéis.
Desculpem a linguagem forte, mas este esquema da Renault forçar apenas o aluguer roça a prática abusiva!
Imaginem agora que só era permitido arrendar casas e ninguém a não ser as construtoras civis poderem ter a sua propriedade, ou automóveis de combustão também só eram possíveis de alugar, o vosso telemóvel ou computador também só tivessem baterias alugadas sem opção de compra...
Era ver as vozes a levantarem-se em protesto!
Quanto ao aluguer de baterias forçado na Renault até agora só me vi a mim indignado. Seria de louvar se fosse opcional, tal como se dá a opção de compra ou leasing nos automóveis de combustão. Forçá-lo a todos os clientes não!
Para mim, o que me daria mais gozo do que não ir mais às Bombas de Combustível, era um fabricante de baterias começar a vender baterias compatíveis com os VE Renault...

Aí sim! Era justiça divina!
É de resto com imensa pena minha que digo isto, pois comprava alegremente um ZOE com bateria incluída e garantia de 5 anos por 26750€ em vez de 21750€.
É um carro bem concebido e suplanta as falhas mais apontadas aos outros VE's tais como o suporte de carregamento trifásico, o uso de bomba de calor reversível na climatização, e o sistema multimédia aberto a aplicações de terceiros.
5 anos de aluguer a 89€ eram 5340€, logo, com 5000€ pagos pela bateria, mesmo que se estragasse logo após os 5 anos de garantia (muito pouco provável), tinha poupado dinheiro.
E sem o limite de quilometragem do contrato de aluguer com certeza teria feito muito mais quilómetros que os 12500 anuais permitidos pelos 89€!
Num valor de aluguer mais elevado, imaginem a poupança.