Finalmente, e depois de muitas buscas e pesquisas, burocracia e tempo, fui buscar o meu novo carro. A escolha recaiu sobre um Citroen C-Zero do ano de 2018. Penso ter sido um bom negócio pois era uma viatura de serviço, com relativamente poucos quilómetros para o ano da primeira matrícula. Está como nova, tanto no exterior como no interior.

Passei bastante tempo à procura de uma viatura 100% eléctrica e a escolha teve em consideração muitos factores, mas principalmente o preço e o que tenho planeado para o meu futuro e aquilo que espero e preciso num carro. Se à alguns anos era relativamente fácil escolher, hoje em dia as coisas estão mais complicadas, mas a Internet, especialmente Fóruns como este e o YouTube facilitaram-me bastante a vida.
Moro em Braga e a minha actividade profissional não me obriga a grandes viagens, apenas a circular na cidade e arredores, pelo que o tamanho do carro foi um dos factores que pesou bastante. Braga nos últimos anos tem crescido bastante e o problema de estacionamento tem piorado a olhos vistos. Se bem que a autonomia seja bastante limitada, é perfeitamente adequada para o meu dia a dia e tenho a sorte de ter garagem privada pelo que posso colocar o carro a carregar todas as noites se houver necessidade disso. Além disso, os locais que frequento costumam ter estacionamento e já tratei de obter autorização (que obtive) para colocar o carro a carregar enquanto trabalho ou estudo.
Estava com um pouco de receio, principalmente ao ver os vídeos no YouTube dos ensaios feitos por Norte-Americanos e alguns Europeus (Britânicos, Franceses, Espanhóis e mesmo Portugueses) pois a grande maioria colocava o carro como sendo practicamente uma viatura de inícios do século XX mas com baterias. Não tinha isto, não tinha aquilo; as rodas assim, os acabamentos assado... Ruídos, pouca velocidade máxima, miniatura, desenho ridículo, desconforto total, sei lá. No entanto alguns elogiavam o carro e viam-no de forma imparcial, ou seja, como um carro original Japonês, construído para um propósito muito específico, para uma população com necessidades muito específicas e que olham para ele como uma ferramenta de trabalho, que deve ser eficaz e fiável.

E sim, o meu outro carro é um SEAT 600 de 1950 e tal...
Não quero ser como o Velho do Restelo e dizer mal das coisas modernas e das novas tecnologias, mas apercebo-me cada vez mais que existe uma necessidade por parte das pessoas em querer tudo o que seja moderno, recheado de tecnologia de ponta e seja apercebido quase como um símbolo de status. Pelo menos, foi isso que me apercebi no sector das novas viaturas eléctricas, principalmente por comentadores, "youtubers" ou "influencers" Norte-Americanos. Sendo o C-Zero, juntamente com os seus gémeos exactamente o contrário, foi fácil perceber porque é visto como quase um brinquedo comparado com qualquer outro VE dos últimos anos. Mas como tenho a sorte de ser de Humanidades e trabalhar e estudar não só a História e Filosofia como o comportamento humano, acho que encarei a compra do carro como encaro a compra de uma ferramenta de trabalho indispensável para um trabalho; Adequada ao trabalho, eficaz, fiável, duradoura, com provas dadas durante anos de uso por parte de outras pessoas que considero honestas e desenvolvida para um propósito muito específico.
E aqui entra o contexto em que o carro foi criado. O excesso de população nas grandes cidades japonesas, as taxas de circulação, as proibições e restrições à compra de carros se não houver estacionamento garantido, Etc. Aliado à filosofia de vida dos Japoneses, o carro torna-se um espelho daquilo que se espera numa sociedade altamente desenvolvida, competitiva mas de uma eficiência inigualável.

Não preciso de bancos aquecidos, não preciso de bancos reguláveis eléctricos, de computadores de bordo com funções que 80% das pessoas não sabem usar ou sequer sabem se existem, não preciso de sistemas de ajuda à condução com câmaras e radares, ou cruise control ou similares. Ainda quero sentir que estou num carro, não num salão ou sequer um avião. E velocidades... Bom, durante ais de vinte anos fui condutor profissional de emergência médica pré-hospitalar e conduzi todo o tipo de ambulâncias, tendo inclusivamente sido condutor da VMER (Carro "rápido" do INEM). Tenho bastantes formações sobre condução em emergência, tanto em Portugal como no estrangeiro e sou piloto de aviação ligeira. Ou seja, velocidades é comigo, mas estou velho e cansado e agora adoro conduzir com calma e apreciar a condução.
Sou grande e gordo, mas mesmo assim o carro é extremamente confortável. Não fiz muitos quilómetros nestes dias, mas já tenho muita experiência de condução para me aperceber do que posso esperar. Os bancos adaptam-se perfeitamente ao meu corpo e entro e saio sem qualquer dificuldade. Não bato com a cabeça no tecto, a minha esposa tem muito espaço no lugar do pendura e o meu filho de 14 anos, que já é mais alto que eu, vai no banco traseiro sem qualquer constrangimento. Já fui ter com um colega de trabalho com a mala cheia de livros, papeis e antiguidades. Rebati os bancos traseiros e fiquei de boca aberta com a capacidade de carga. Nas ruas "maravilhosas" de Braga o carro comporta-se de forma excelente. O facto de ser gordo também ajuda a absorver as vibrações e os buracos... O rádio é suficientemente bom. Dá para ouvir CD's, mas mais importante, conto com o bónus do Bluetooth para o telemóvel, tanto para chamadas como para streaming de músicas. E tem uma porta USB, que loucura!!!
Não me levem a mal; não sou contra os Teslas e todos estes novos carros cheios de tecnologia, muito pelo contrário. Tanto eu como o meu filho ficamos de boca aberta e estamos sempre com muita atenção a tudo o que sejam novas tecnologias. É impressionante olhar para eles e adoraria conduzir um, mas... É demasiado para mim, mesmo que tivesse o dinheiro.
Penso fazer algumas melhorias no carro pouco a pouco, mas primeiro quero aprender o máximo possível sobre o mesmo e aproveitar o tremendo gozo que me está a dar conduzir. Irei colocando novas fotos e irei falando da minha experiência pessoal, esperando que possam ajudar alguém.
Já agora, se houver pessoal de Braga para ir beber um sumo de uva ou cevada e que me queiram ensinar sobre o assunto, apitem. Comentem (se quiserem) sobre o que vos fez decidir comprar o vosso carro em especial. Gostaria conhecer melhor o perfil do utilizador de VE Português, sem ser apenas na perspectiva da economia e aposta no futuro do planeta.