Propostas da UVE para o Orçamento de Estado 2022

[Nonnus]

https://www.uve.pt/page/orcamento-de-es ... _A8F-5WvPo

Tomei a liberdade de colocar aqui o link com as proposta da UVE para o Orçamento de Estado 2022.

O que acham destas propostas (eu sei que são propostas)?

No meu entender é ambicioso e era bom que as aceitassem, há metas para cumprir, mas ainda assim não acredito que o governo depois de uma pandemia que causou tantos estragos se vá mostrar disposto a dedicar uma parte tão significativa do OE 2022 na ME. Era bom, mas a bazuka tem munições limitadas e, já foi prometido tanto

No ponto 1 acho que o que era importante era ao invés de haver um incentivo de 6000€ para a compra de um VE, era talvez continuar com os 3000€ mas que o valor anual fosse aumentado (ponto 14). Como temos visto o incentivo mal chega para os primeiros 6 meses de vendas de VE´s o que faz com que muitos adiem a compra de um VE para o ano seguinte. E assim vamos andando a adiar a compra de VE´s. Se o incentivo chegar a mais pessoas, mais rapidamente é feita a transição. Claro que o ideal era o ponto 1 e o ponto 14 serem alterados e, dessa forma havia um maior incentivo (6000€) e ia chegar a mais pessoas. Tenho serias dúvidas que isto seja possível.

O ponto 2 já existiu e acabou por não haver procura desse incentivo. Não sei se porque os stands darem mais pelas retomas que o Estado dava pelo carros para abate. Tem de haver aqui um meio termo. Se um stand oferecer mais pela retoma e continuar a por esses veículos em circulação dificilmente uma medida dessas vai ter o efeito desejado, como já vimos num passado recente.

Ponto 6 acho que o Estado devia ser o primeiro a dar o exemplo. Viaturas da administração local e do Estado a medida que fossem sendo substituídas estas deviam de ser electricas. A minha mulher trabalha num centro de saúde onde todos os dias anda numa Kangoo a gasóleo para fazer entre 100 a 150km. Nos dias de hoje já existem muitos VE´s que fazem isto sem qualquer dificuldade.

O ponto 10, 11 e 13 devia ter sido implementado logo no primeiro dia que se falou em ME.

[BrunoAlves]

No geral parecem-me medidas demasiado ambiciosas e meio "avulsas". São coisas sem dúvida óbvias para os entusiastas da ME, mas dificilmente implementáveis num Orçamento, mesmo com bazuca (até porque as linhas gerais da utilização desse dinheiro já estão definidas).
São coisas que qualquer um de nós diria a outro de nós enquanto bebíamos uma mini e comíamos uma sandes de entremeada

Por exemplo a questão dos postos nas bombas de combustível é uma coisa mais legislativa e de longo prazo. Devia ser uma questão estratégica vinda muito de trás, até porque tem constrangimentos de implementação significativos. Instalam-se bombas de combustível pequenas com um ramal de pouca potência sem qualquer problema. Metes-lhe 2 PCR e torna-se muito mais difícil. São medidas que incluem uma parte muito técnica que não pode ser descurada.
A proposta 3 é muito mais complexa do que se pretende sugerir numa linha. Não quero dizer que não seja de o tentar fazer (longe disso!), mas pouco terá a ver com o OE2022 e tem ramificações técnicas muito para lá do OE.
A proposta 9, ainda que reclamada há muito tempo, tem grandes implicações em muito mais do que o transporte de pessoas. Numa altura que se adivinha uma nova escalada do preço dos combustíveis (com alguma culpa da produção eléctrica e do consumo excessivo de GN por falta de produção renovável), há muita gente a passar mal se em cima dos aumentos expectáveis do combustível forem aumentados impostos. Com a proposta 5 concordo totalmente: também resulta num aumento de preços, mas seria uma correcção de um mal muito antigo.
Em relação à proposta 12, não concordo com a discriminação positiva nas portagens, nunca concordei.

Sobre o aumento dos incentivos à compra, estou contigo. Manter os 3000€ mas para todos os VE (e não para aquela corrida do início do ano), adicionalmente limitando o valor máximo dos veículos.
Edit: ou, agora que começam finalmente a existir propostas de VE apetecíveis e a preços mais baixos, porque não atribuir incentivos maiores a quem mais precisa (por exemplo de acordo com os rendimentos - e sim, eu sei que há alunos com subsídios máximos e que vão para a escola de Porsche ). Ou outra forma qualquer de criar um incentivo mais orientado a quem mais precisa, por isso sim seria uma medida estruturada e não só "jogar para lá dinheiro" como parece querer ser a maioria da utilização da bazuca.
Edit2: e porque não reformular o incentivo "à lá Alemanha"? O Estado dá se a marca também der. Pelo menos tentávamos reduzir o fosso de preço que está cavado para alguns países. E já agora, ser possível não ter de colocar o dinheiro do incentivo à frente: comprar já com o preço "descontado".

[rimsilva]

Tudo o que seja para melhorar a situação atual e ajudar na transição para uma moblidade mais sustentável é positivo.

Pessoalmente acho que passa ao lado das questões estruturantes e que não estão a levar a ME pelo caminho certo (ou pelo menos numa "Linha reta").

Os incentivos fiscais têm de ser rapidamente revistos, de forma radical, e não apenas como aqui aparece (aumento dos incentivos para os particulares) e redução progressiva dos apoios aos PHEV.
É necessário ser mais concreto e apontar o caminho, ou seja:
- Acabar com a o beneficio "indexado" à dedução do IVA;
- Reduir o limite do valor de aquisição dos PHEV dos 50.000€+IVA para um valor bem inferior (e dos BEV também);
- Olhar para o apoio à compra de usados (semi-novos < 2 anos) como uma alternativa os VE novos, como forma de acelerar a transição e contornar a escassez de disponibilidade de VEs novos (muitas vezes por estratégia das marcas).

Depois vem o outro "pilar" da ME - a rede de carregamento - que além do necessário alargamento, precisa que seja credibilizada junto dos UVE e se acabe com a cada vez maior "ideia" que carregar um VE é uma complicação e mais caro do que "andar a combustão", isto só será possivel depois de se acabar com toda a burocracia imposta pelo modelo, os seus MECEs, taxas fixas desproporcionais e caminhar para um modelo livre onde o OPC é o centro de toda a actividade de carregamento de VEs.

[BrunoAlves]

e caminhar para um modelo livre onde o OPC é o centro de toda a actividade de carregamento de VEs.

You wish

[Nonnus]

A proposta 3 é muito mais complexa do que se pretende sugerir numa linha. Não quero dizer que não seja de o tentar fazer (longe disso!), mas pouco terá a ver com o OE2022 e tem ramificações técnicas muito para lá do OE.

Isto é sem dúvida muito complexo, embora a dias no facebook um dos funcionários da Evolution escreveu que esta para breve a primeira homologação de um carro convertido por eles.

Também a dias vi um vídeo no youtube onde o youtuber falou com um proprietário de um veiculo a combustão alterado (tuning) em os documentos foram apreendidos devido as alterações, que nunca o conseguiu legalizar. Chegando mesmo a virem engenheiros da FIAT da Itália verem o carro e não conseguirem fazer com que as alterações fossem homologadas. Segundo eles, porque teriam que fazer vários testes destrutivos para verificar o que ocorria com as alterações, se de alguma maneira punham em risco os ocupantes.

Pegando neste exemplo, dotar um carro a combustão de baterias e de um motor electrico certamente não será fácil depois legalizar. Pegar num carro de cada modelo, instalar todo o equipamento e depois fazer testes destrutivos para aferir se causa danos aos ocupantes, não me parece muito viável.

São coisas que qualquer um de nós diria a outro de nós enquanto bebíamos uma mini e comíamos uma sandes de entremeada

Se calhar esta na altura de fazermos outra.

[BrunoAlves]

Pegar num carro de cada modelo, instalar todo o equipamento e depois fazer testes destrutivos para aferir se causa danos aos ocupantes, não me parece muito viável.

Eu, um bocado contra corrente, até acho que as conversões de veículos a combustão em eléctricos tem pouquíssima relevância para a massificação da ME. Tem, para um pequeno nicho de malta com muito dinheiro (porque fazê-lo "barato" só os carolas, mas depois - E BEM - não se consegue certificar a carolice).
A inclusão desta proposta tem provavelmente mais a ver com satisfazer uma parte dos associados, digo eu.

Fazer uma reconversão a custos controlados (e mesmo assim...) só se consegue fazer como fez o Rich Rebuilds, ou como algumas pessoas cá aumentaram a capacidade da bateria das suas carrinhas: com módulos de baterias e motores retirados de outros carros, com BMS's "martelados", etc.
Epa não me levem a mal se eu (ainda que admire as capacidades destas pessoas) não gostar que este tipo de invenção possa ser feita livremente.
A firewall de um carro normal (e tudo o que está debaixo do capot) é destruído vezes sem conta para certificar que aquilo dificilmente entra pelo habitáculo a dentro. Se encherem o capot de um carro normal com baterias (que de leve têm pouco), como é que fica?
Sim, há países onde é permitido. Mas em alguns desses também se pode andar de arma na rua.

E em relação aos custos, se feito por uns carolas numa garagem espero que nunca possa ser certificado. Se feito por uma empresa devidamente credenciada terão de pagar semanas de trabalho a funcionários, materiais bastante caros, instalações e ferramentas adequadas, etc. Imagino que colocar 30kWh num ICE (e é preciso deitar a mão às baterias...) custe facilmente uns 30.000€, provavelmente muito mais.
Já estou a divagar

Se calhar esta na altura de fazermos outra.

Boas conversas

[BrunoFonseca]

Indo contra a corrente e só para gerar mais discussão:
Não estarão os preços dos VE inflaccionados devido à existência dos incentivos à compra de VE? (Ex: a Nissan manteve a redução de 3k€ quando se acabaram os cheques, logo é possivel eles reduzirem um pouco o preço ao consumidor)
Não estarão os Estados a dar lucros maiores aos construtores em vez de darem benefícios aos futuros proprietários de VE?
Não fará mais sentido promover a troca de ICE por VE em vez de co-financiar a compra de um VE?
Tem que ficar do lado dos construtores responder à procura (de VE por parte do consumidor), mas para isso é necessário cada vez mais que os consumidores vejam as vantagens para a mudança, e aí faz sentido criar cada vez mais incentivos que beneficiem os consumidores. Neste aspecto valorizo a redução nas portagens.
Outro benefício poderia ser a dedução da compra do VE no IRS (para particulares), ou simplesmente reduzir a Tx IVA.

[BrunoAlves]

Sim, concordo muito. Daí que, depois de ver a forma do apoio dado na Alemanha, já nem consigo imaginar outra forma de o fazer

[rimsilva]

Os bons exemplos apenas servem para mostrar que é possivel ter o melhor de "2 mundos"

Medidas a vulso, sem estarem integradas com outras medidas, podem ser facilmente contornadas.

Em ultimo caso, os incentivos, têm sempre essa vertente de "beneficiar" alguém, o fundamental é que se aproxime o mais possivel dos objectivos traçados.

Aquilo que mais se assiste é a crticas aos preços dos VEs, logo terá de ser no preço o maior impacto, mas claro que não basta atribuir um apoio, é preciso estabelecer regras e limites ambiciosos para que não haja o tal aproveitamento por parte dos construtores e ao mesmo tempo se incentive o desenvolvimento e produções em massa para a redução dos preços.

Em Portugal, no contexto actual, sem duvida que os incentivos são mais do que incentivos às marcas.

Como é que é possivel tanta "guerra" ao diesel e depois conceder-se beneficios a quem compra PHEV "de's" da Mercedes?