Não há forma de ignorar a componente política. (Nota: eu posso ou não ter votado no PS ao longo destes anos, não tem a ver com o partido em si, mas com uma visão ideológica e defesa do seu "bebé").
Eu reuni pessoalmente com o anterior secretário de estado da tutela e é óbvio que há uma defesa da acérrima do modelo que o próprio partido desenhou e implementou. Não há qualquer sensibilidade à opinião de players, utilizadores, nada. "Cartão único", "todo o mundo inveja o modelo", "o AFIR baseia-se no nosso modelo". Zero abertura de ideias, zero abertura a qualquer alternativa.
Há também o "pormenor" de quem assessorou e aconselhou o anterior governo ter sido sempre a entidade mais interessada e comprometida com a manutenção do status quo.
O AFIR é a oportunidade de ouro para se fazer alguma coisa deste degredo e este governo parece ter finalmente querer ouvir quem pensa bem e quem pensa mal.
Para quem não viu (deve surgir o vídeo público em breve) a Mobie (e a AMME também, já agora) esteve na passada quinta numa conferência em Madrid. O presidente da mobie fez a sua apresentação habitual "o modelo nacional é um exemplo vivo do AFIR" (nem vou discutir a lata...). A apresentação seguinte foi de um alto responsável da UE que lhe disse, diretamente, que o roaming obrigatório é incompatível com os princípios do AFIR. Sem espinhas.
A AVERE, provavelmente a maior associação europeia da área, respondeu à consulta pública da AdC advogando claramente o levantamento de restrições legislativas que permitam aos operadores Europeus uma operação em verdadeira concorrência.
Há muitas coisas a acontecer. Podem não dar em nada, mas o "amen" dos últimos anos definitivamente acabou.